Transição Capilar: Um saga cabelística de volta às raízes da "Mama África"

Finalmente eu tomei vergonha na cara e resolvi falar sobre a minha saga da transição capilar. Agora que tem mais de um ano que não eu relaxo minhas molinhas, quero que vocês saibam como estou lidando com o novo visual.

Primeiro, vamos começar do começo. Como era o meu cabelo antes de começar a pensar em fazer qualquer transformação drástica? A foto acima ilustra bem como era. Beeeem crespinho, mal cuidado, e no caso, não existiam no mercado as milhares de boas opções que temos hoje para cuidar de cabelos de adultos, quem dirá de crianças. Mas o engraçado é que cabelo de criança pode mudar muito ao longo do tempo. De loiro fica castanho, de liso fica cacheado, de fino fica grosso, e por aí vai. Quando eu era criança eu tinha MUITOOOO cabelo, mas muito MESMO! Era uma imensa juba de leão! E a missão "ingrata" de cada familiar meu era "domar" a maldição do cabelo "duro", afinal, eu não tinha tido a "sorte" de puxar os cabelos lisos-cacheados da minha mãe, mas sim o crespo do meu pai. 

Eu amava muito o cabelo da minha mãe, e tinha inveja dele. Sim, eu era uma pequena pirralha com inveja do cabelo da minha mãe. Eu ficava pegando, penteando, desejando, até que um belo dia ela cortou joãozinho porque disse que eu não deixava o cabelo dela em paz. Eu chorei, chorei muito. Vê se pode...

Cresci negando a minha cor e o meu cabelo. Se alguém dissesse que eu era preta, eu dizia que era ROSA. E a minha meta, quando fui crescendo, era ter cabelos lisos. Comecei com o tal "pente quente", quem lembra disso?

Esses pequenos petrechos de "tortura capilar" que ainda são muito comuns aqui na Bahia. Você esquenta ele no fogo e o bicho alisa o cabelo de um jeito que você vira índia. Houve uma vez que minha mãe deu Henê e deu isso, e eu quase quebrava o pescoço para balançar o cabelo na escola, kkkkkkkk. Aí, uma outra pessoa acabou dando um alisante daqueles brabos por cima e eu ainda fui tomar banho de mar, resultado: corte químico. Eu devia ter uns 8 ou 9 anos já.

De lá para cá, foi muito pente quente, até que surgiram os primeiros relaxantes de Amônia.. Dei isso durante anos a fio, esqueci completamente como era o meu cabelo e não usava produtos de qualidade para a recuperação dele. Então  foi uma eternidade de cabelo quebradiço, farofado, sem vida, sem dignidade e PRESO. Não conseguia acertar com ele solto de jeito nenhum. Fui trocando de produtos até que resolvi que queria apenas a raíz lisa e as pontas cacheadas. Tipo isso:

Durante muito tempo eu usava esse produto, com hidróxido de cálcio:

Nessa época eu já estava na faculdade, e comecei a usar produtos melhores para tratar os fios . O que SALVOU meu cabelo nessa época foi o Rigen + Real Cream da alfaparf, meus cabelos viraram outro! No caso da foto "ante-anterior" ele também está tonalizado de preto, mas eu acho que não fico muito bem de cabelo preto não. Sustentei essa situação até o ano passado, usando produtos de recuperação melhores e talz. E olhe que eu já mergulhava, precisava MESMO de produtos de recuperação mais eficientes. Até que um dia eu peguei uma PREGUIÇA de retocar a raíz e fui adiando o retoque. E fui deixando. Deixando, deixando...consegui ajeitar ele com os bons produtos que já usava, e resolvi que a raíz não deveria ficar mais "colada" no casco da cabeça. Eu tinha MUITO medo de raíz armada, que viagem. Desse tempo para cá percebi também que meu couro era oleoso (levei séculos para perceber isso) e o meu cabelo é oficialmente misto. O anticoncepcional deu uma força no controle disso, e ele passou a crescer mais rápido. No meio dessa preguiça de relaxar de novo fui tomando coragem para poder de fato assumir eles. Na medida em que foram crescendo, fui vendo meu cabelo novo completamente diferente de quando eu era mais nova. Tem umas três texturas diferentes, mais crespa na nuca e "cucuruto", intermediária nas laterais e um cacheado mais liso na nuca (parecido com o de minha mãe). Percebi também ele RALO, não sei onde foi parar a minha juba de infância, aliás sei sim, caem bolos de cabelo toda semana quando lavo, não sei  porque. Resolvi que queria me livrar o mais rápido possível do relaxado e dei o primeiro corte eu mesma:

Foto: Thais Figueiredo

Não satisfeita, a três dias trás, cortei NOVAMENTE! Agora está exatamente como abaixo:

Agora eu acho que ele esta 60% natural, ainda com partes relaxadas que eu não tenho coragem de fazer o big chop. E como a diferença não e gritante, vou cortando aos poucos. A rotina agora ficou muito mais fácil, percebi que não vou mais precisar dos produtos mais fortes, to me virando bem com Shampoo da Gota Dourada e o Pré-Shampoo Esfoliante Argiloterapia de O Boticário, para estimular o crescimento, amando usar o Aussie Moist, a linha Elséve Reparação Total e minha amada linha Aromacologia da L'Occitane. Acabei dando uns cremes mais fortes (para cabelos mega-danificados) para minha irmã (escrava da chapinha), eles agora pesam e deixam meu cabelo mais duro, hehehe. No mais, penteio ele apenas de pente, amasso, balanço bastante, continuo usando meu creme de pentear Pantene com gotas de óleo de coco ou Elséve òleo extraodinário para amaciar e controlar o frizz e pronto! São milll elogios agora por onde passo, todo mundo amando a minha nova versão "original de fábrica". A cor natural é castanho médio, tenho vários brancos mas ainda não ligo muito para eles.

Hoje eu estou em completa paz comigo, minha aparência, minha cor, meus cabelos e sei cuidar de mim como ninguém. O texto ficou longo mas considero importante contar os detalhes, acho que isso foi muito comum na vida de muitas meninas que estão resgatando a sua auto-estima com as formas que a natureza lhe deu.

E uma grande VIVA à diversidade! Viva à Bahia! Viva às baianas e mulheres "retadas" de todo o Brasil!

Beijos a tod@s!